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Guerra dos Tronos nos EVs

20 de Abril de 2024

Bom dia!
Na edição desta semana escrevemos sobre o caos nos mercados, explicamos o sucesso da nova líder da mobilidade elétrica, abordamos a suspeita aquisição da Euronews e muito mais…
Tempo estimado de leitura: 16 minutos.
Vamos lá!

Cotações & Ganha-pão

PSI -0,50% | STOXX600 -1,31% | S&P500 -3,85% | NASDAQ -6,12%

EUR/USD 0,43% | GOLD 1,36% | OIL -3,22% | BITCOIN 0,49%

AAPL -5,95% | TSLA -13,60% | NVDA -14,52%  | AMZN -6,1%

Queres compreender o que significam estes números e estas siglas? Espreita o final da edição!

MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

Na nossa edição do final de 2023, uma das tendências que o nosso analista estagiário anunciou para 2024 foi: caos.

Na edição da semana passada escrevemos sobre o provável ataque do Irão a Israel… umas horas depois e um navio com bandeira portuguesa (registado na nossa Região Autónoma da Madeira) com um dono multi-milionário israelita foi tomado por tropas do Irão. Caos. O resto fica para os livros de história.

Como reagiram os mercados?

Como todos nós, mal. Aliás, a tensão aumentou tanto que o principal índice de volatilidade está em máximos de outubro do ano passado (quando a nauta nasceu).

Mas a atual quebra nos mercados não é só consequência do que se está a passar no Médio Oriente. Depois da enorme cowboyada americana nos últimos meses, uma correção era esperada. A situação geopolítica é um catalisador.

Mas há outra variável que preocupa os investidores: quando serão os muito esperados cortes nos juros e quantos serão em 2024?

Não há resposta, mas nos EUA já se discute se haverá corte este ano. Uma sondagem da reuters, feita a 100 economistas, resulta na expetativa de um corte em setembro e talvez outro posteriormente. O nosso Banco Central Europeu pode liderar.

Quanto a ações específicas, a Tesla continua a ser a pior das sete magníficas. Depois de uma queda superior a 30% nos últimos 6 meses, a empresa anunciou despedimentos que poderão atingir 10% dos quadros. No entanto, a “empresa” pede aos acionistas para aprovarem um pagamento de 56 mil milhões ao CEO Elon Musk. Sem fim às más notícias, o infame Cybertruck terá 4000 unidades retiradas do mercado por defeitos nos pedais

Enquanto isto a sua maior rival, a chinesa BYD, aumenta o seu domínio e também a sua ambição. Mais sobre isso nas próximas linhas!

BARÓMETRO DO SUCESSO

BYD, o despertar do dragão

A guerra dos tronos pela supremacia do mercado dos veículos elétricos está a mudar. A BYD já ultrapassou a Tesla em volume de vendas - e a gigante americana vai agora avançar com um despedimento coletivo de 10% dos colaboradores. Mas, como é que a BYD conseguiu destronar Elon Musk e sentar-se no trono de ferro dos EVs?

A BYD não produz só carros. Na verdade, foi fundada em 1995 por Wang Chuanfu e produzia maioritariamente baterias para telemóveis. Em 2003, a BYD adquiriu a Xi'an Qinchuan Automobile, no que foi o começo da sua aventura na produção de automóveis. Todavia, os primeiros anos não foram de estrondoso sucesso, pois os primeiros automóveis foram cópias (ou engenharia reversa, no politicamente correto) de modelos da Toyota, tais como o BYD F3 (“inspirado” no Corolla) e o BYD F0 (“inspirado” no Aygo).

“Podes copiar o meu trabalho de casa, mas muda um pouco, BYD.”

Além de automóveis ligeiros, a BYD Auto produz também veículos comerciais, como autocarros e camiões. Em 2022, a empresa passou apenas a produzir veículos elétricos. A BYD posiciona-se em praticamente todo o mercado dos automóveis, desde o segmento de luxo (através da marca Denza, em parceria com a Mercedes), até aos supercarros (marca Yangwang) e SUVs (marca Fangchengbao).

No entanto, falta responder à pergunta inicial: como é que esta marca sem qualquer notoriedade consegue competir com as marcas mais estabelecidas? É simples, a BYD compete no preço: os seus automóveis são muito mais baratos que os equivalentes europeus e americanos. 

Mas não é só. O governo chinês tem apoiado financeiramente a BYD com muito dinheiro, o que permitiu à BYD não só investir imenso em investigação e desenvolvimento (o que possibilitou a BYD  desenvolver as melhores baterias do mercado), mas também na integração vertical* (na compra de navios mercantes para exportar os seus produtos), e na entrada no mercado europeu, asiático e sul americano (já é o líder em vendas no Brasil).

A ACONTECER
É melhor duvidar! A aquisição sus da Euronews

Na semana passada não tivemos espaço para falar sobre a duvidosa compra da Euronews, mas aqui vai. Esta é uma notícia complexa, mas vamos dar o nosso melhor para te relatar os factos de forma sucinta:

A partir daqui, podes tirar as tuas próprias conclusões.

Medina, Robin Hood invertido

E se te contássemos como o antigo ministro das Finanças, Fernando Medina, recorreu aos fundos das futuras pensões dos portugueses para reduzir a dívida pública em 2023? Ao que tudo indica, resultou…

Medina conseguiu baixar a dívida pública em 2023 para 99,1% do PIB, investindo astutamente nas Obrigações do Tesouro com o dinheiro das pensões futuras. O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) e a Caixa Geral de Aposentações (CGA) injetaram mais de 7,7 mil milhões de euros, o que resultou numa redução do montante total da dívida. Este investimento procurou fortalecer a economia e aliviar os encargos financeiros relacionados à dívida, mas poderá dar-nos trabalho até aos 80.

Apesar das críticas da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) sobre a "artificialidade" da redução, a estratégia teve sucesso no curto prazo, elevando o rating de Portugal. Porém, a dependência contínua das pensões pode ser uma faca de dois gumes.

Rapidinhas

mais de 908 navios de bandeira portuguesa, um novo recorde. Grande parte deles estão registados no Registo Internacional de Navios da Madeira (MAR), sendo que um desses foi tomado pelo Irão no sábado passado.

Mais de 2 milhões de portugueses trabalham ao sábado, sendo também os portugueses quem sentiu uma maior queda na qualidade de vida na União Europeia, desde 2019.

Uber em apuros: possível fraude de 28 milhões de euros sob investigação do Ministério Público e Autoridade Tributária.

Os fundos de capitais de risco portugueses têm mais de 400 milhões prontos para investir em startups.

O novo modelo de financiamento da tarifa social vai traduzir-se num aumento da fatura da eletricidade de muitos consumidores portugueses.

O aumento das despesas relacionadas com o desenvolvimento sustentável e as alterações climáticas poderá pôr em risco a solvência de alguns países menos desenvolvidos.

Reino Unido aprova lei para proibir venda de tabaco e vaporizadores a jovens nascidos após 2009.

A Rússia e a China têm vindo a contornar sanções internacionais e impostos ao transacionar cobre disfarçado de sucata.

O 4.º evento de halving da bitcoin está agora finalizado.

NAUTA DA SEMANA
SheerME com 5M para ficar ainda mais bonita!

A SheerMe, uma plataforma que facilita a tua vida na hora de marcar e pagar serviços de beleza e bem-estar, conseguiu um verdadeiro jackpot, após garantir uns impressionantes 5 milhões de euros de investimento, liderados pela M4 Ventures, Lince Capital e Olisipo Way.

Com este pé-de-meia, a SheerMe vai expandir ainda mais a sua presença no Brasil, onde já contam com uma base de 170 mil utilizadores e 5 mil parceiros. Além disso, vão até oferecer cashback por cada avaliação que fizeres nos serviços (possivelmente também poderás mandar um pix). E olha só que chique, vão abrir vários escritórios todos catita em Barcelona, em 2025!

Em Portugal, a SheerMe tem planos de melhorar a app para proporcionar uma melhor experiência aos utilizadores, com mais serviços e parceiros, quem sabe futuramente Rui Veloso fará um regresso triunfal com a Chico Fininho para animar a aplicação (não confiem nesta última afirmação).

RECOMENDAÇÃO

Who let the dogs in??

E se te dissessem que poderias trazer o teu amigo de quatro patas para o trabalho? Descobre como as políticas amigáveis aos cães estão a impulsionar as taxas de retorno ao escritório neste relatório do Dr. Gleb Tsipursky. Nesse artigo, podes descobrir como a integração dos patudos pode transformar positivamente o ambiente de trabalho. 

ABC DO DINHEIRO
Integração Vertical

A integração vertical é uma estratégia empresarial em que uma empresa controla várias fases da produção ou distribuição de um produto ou serviço. É como se a McDonald's não só fizesse os hambúrgueres, mas também fosse dona das vacas e das quintas.

Portanto, basicamente, é quando uma empresa faz tudo, desde a criação do produto até à sua venda, tudo internamente. É uma estratégia que pode aumentar a eficiência e reduzir os custos, mas também significa que a empresa está mais dependente de si mesma, o que pode ser arriscado se uma parte da cadeia de produção der para o torto.

P.S. - se não recebeste a nossa última edição, provavelmente foi parar ao SPAM. Se não a recebeste de todo, está no nosso site.

Na despedida desta semana, lembra-te que marés caóticas são imprevisíveis. Gestão de risco é essencial em todas as decisões. Qualquer feedback construtivo é muito bem vindo em [email protected]!

Memes

Estes Zoomers são malucos, reservar viagens é atividade para computador, no mínimo.

As cotações apresentam os resultados semanais dos ativos referenciados. As quatro primeiras são índices que combinam os desempenhos de conjuntos de empresas. O PSI é o índice português, o STOXX600 é o índice das 600 maiores empresas europeias, o S&P500 e o NASDAQ são ambos dos EUA. As seguintes quatro são mercadorias e moedas. EUR/USD é o câmbio entre o euro e o dólar americano, gold é ouro, oil é petróleo bruto e bitcoin é a mais popular criptomoeda (em euros).

As quatro últimas são ações de empresas que tiveram desempenhos notáveis durante a semana. Nesta semana temos AAPL para a Apple, TSLA para a Tesla, NVIDIA para a Nvidia e AMZN para a Amazon.

A nauta é um boletim informativo semanal sobre a atualidade económica, financeira e empresarial, escrita em língua portuguesa. Não é jornalismo nem consultoria financeira, mas uma oportunidade para aprofundares os teus conhecimentos nestes temas e acompanhares o essencial do mundo dos negócios e mercados financeiros.

Escrita por João Ornelas Raínho, Mário de Pinto Balsemão e Nuno Martins.