MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A inflação está morta, longa vida à inflação?

Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos EUA, anunciou esta sexta-feira que os juros são para ser cortados. E em breve! 

Quer dizer, então, que as manobras de alto risco dos bancos centrais correram bem… mas afinal e a recessão? Bem, pelo menos por agora está cancelada!

O mesmo não se pode dizer da inflação: apesar da redução que se tem verificado desde junho de 2022 (9,1%), os últimos números da inflação nos EUA estão nos 2,9% (julho de 2024) e portanto quase 1 ponto percentual acima do que é o objetivo dos bancos centrais. 

No entanto, os dados do aumento de desemprego e diminuição de empréstimos indicam que as economias, um pouco por todo o mundo, estão a começar a soluçar perante a pressão dos bancos centrais. Isto, claro, sem mencionar o susto do colapso dos mercados asiáticos!

Invariavelmente, os bancos centrais ficam condicionados pela realidade das respectivas economias na sua gestão da inflação. Ou seja, se as economias estão em apuros, os bancos cortam nos juros.

Será que a inflação vai descer até aos 2%? Ninguém sabe, mas pior seria não cortar os juros mais altos das últimas décadas.

No entanto, Jerome Powell continua com duas cartas na manga: não anunciou quando será o corte, embora os especialistas digam que será no dia 17 de setembro, e não anunciou de quantos pontos percentuais será - o que oferece alguma margem de manobra na contenção da inflação.

Anunciados os cortes nos juros o resultado foi: euforia.

O ouro já andava em máximos históricos (com a antecipação aos cortes) e os mercados passaram do medo extremo (há duas semanas) para o medo (semana passada) e agora já tendem para a ganância - alguns índices aproximaram-se de recordes históricos na sexta-feira.

Noutras notícias, a EURIBOR terá a sua maior descida da última década. As famílias agradecem.

ECONOMIA

Venezuela - a pior gestão económica de sempre (1 de 2)

Na primeira parte desta viagem histórica pela economia da Venezuela, o nosso estagiário analisa o período entre o início do boom do petróleo e a criação da OPEC.

A Venezuela é um país habituado a estar no centro da atenção mediática internacional. No entanto, raramente é por boas razões. As recentes eleições de 28 de julho foram mais um momento de tensão entre o regime autoritário de Nicolás Maduro e a oposição, com acusações de corrupção e fraude eleitoral. Enquanto isso, a população sofre com falta de comida e medicamentos. 

Como é possível o país com as maiores reservas de petróleo do mundo estar em completo colapso económico? Foi esta a pergunta que motivou a viagem (virtual) do nosso estagiário a Caracas. O que se segue é a primeira parte do seu relatório.

Início do séc. XX: A calma antes da tempestade
A República da Venezuela é um estado independente desde 1830.  Até ao início do século XX, a economia da Venezuela era essencialmente agrícola, com o café e o cacau como principais exportações. O país era relativamente subdesenvolvido, com uma população pequena e infra-estruturas limitadas. Mas tudo iria mudar.

Década de 1920: Jackpot!
A descoberta de petróleo marcou um ponto de viragem para a Venezuela. Em 1922 uma vasta quantidade de petróleo foi descoberto na região de Maracaibo. Este foi o início do primeiro boom do petróleo venezuelano. Rapidamente, o petróleo tornou-se o sector económico dominante do país, apoiado pelos vários regimes ditatoriais que, sucessivamente, governavam a Venezuela.

Sembrar el petróleo
Entre 1920 e 1935, as receitas da exploração do petróleo dispararam. Este recurso passou a representar mais de 90% das exportações do país. Os sinais eram claros: a economia venezuelana estava completamente dependente do petróleo. Os restantes setores como a agricultura e a indústria foram desaparecendo. Isto é um fenómeno económico conhecido como “doença holandesa”*. A solução encontrada foi “semear o petróleo”: o governo venezuelano começou a reinvestir os lucros da venda do petróleo nos restantes setores económicos, numa tentativa de incentivar a produção agrícola e industrial.

Money, money, money
A Segunda Guerra Mundial trouxe mais uma oportunidade para a Venezuela capitalizar na venda de petróleo às nações em guerra. Nesta altura, apenas 3 multinacionais (Gulf, Royal Dutch Shell e Standard Oil) controlavam 98% da produção petrolífera da Venezuela. No entanto, isto era benéfico para o país pois estas empresas eram legalmente obrigadas a ceder 50% dos seus lucros ao Estado. Os petrodólares estavam a fluir constantemente, o que permitiu aos governos modernizar as infraestruturas do país e investir a riqueza na educação, saúde e qualidade de vida da população. O crescimento económico levou a um grande influxo de imigrantes para a Venezuela, o que explica o facto de muitos portugueses - e, em especial, madeirenses - terem emigrado para este país.

Venezuela, a senhoria do petróleo
Até à década de 1960, a produção de ouro negro no território venezuelano era dominado por empresas privadas - multinacionais britânicas e americanas. A Venezuela era basicamente um rentier state; i.e. um estado que deriva grande parte da sua receita através da renda paga pelas multinacionais que exploram os seus recursos económicos. Este modelo de gestão estatal garantia um fluxo constante de petrodólares para os cofres venezuelanos, mas também garantia uma dose saudável de corrupção, desigualdade social e desinvestimento em outros setores. É aqui que se dá outro momento-chave na história económica da Venezuela: a fundação da OPEC.

Mudança de paradigma - a OPEC
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (“OPEC”) foi criada a partir de um plano do então ditador venezuelano Pérez Jiménez. Jiménez pretendia mudar o paradigma da produção e exportação do petróleo, então dominado por um oligopólio de multinacionais britânicas e americanas - as Sete Irmãs. A OPEC, ao longo da década de 1960-70, foi tomando medidas para transformar o cartel privado do petróleo num cartel público estatal. Estas medidas incluíram nacionalizar as indústrias de petróleo, aplicar embargos e combinar os preços, para garantir o controlo do fornecimento mundial de petróleo. Agora eram as nações que ditavam as regras. A OPEC rapidamente tornou-se numa das mais influentes organizações no panorama geopolítico e económico mundial.

Agora com controlo total da extração e exportação de petróleo e à beira de um novo boom, os venezuelanos poderiam experienciar um período de riqueza e aumento da qualidade de vida. O problema é que apenas uma ínfima parte dos venezuelanos de facto beneficiaram da nacionalização do petróleo. Afinal, a corrupção, que é endémica na Venezuela, não parou de existir com a criação da OPEC; pelo contrário, provavelmente até piorou!

Mas isso é uma história para a segunda parte desta viagem…

A ACONTECER
Bónus reformados

O bónus aos reformados vai abranger 2,4 milhões de beneficiários e custará 422 milhões de euros aos cofres públicos.

O suplemento extraordinário que vai ser pago aos reformados no dia 8 de outubro depende, afinal, da soma de todas as pensões recebidas. Isto quer dizer que quem receba duas pensões, como a de velhice e sobrevivência, pode ter direito a um bónus mais baixo do que o inicialmente previsto, ou mesmo a não se aplicar de todo.

• 200 euros para pensionistas que recebem pensões até 509,26 euros;

• 150 euros para quem recebe entre 509,26 e 1.018,52 euros;

• 100 euros para quem recebe entre 1.018,52 e 1.527,78 euros.

O pagamento será feito numa única vez por transferência bancária ou vale postal.

Rapidinhas

Segundo o Banco de Portugal, o stock de Investimento Direto Estrangeiro em Portugal subiu para perto de 184 milhões de euros no 2.º trimestre, o equivalente a 69% do PIB português.

A dívida externa líquida de Portugal reduziu-se para 50% do PIB, o nível mais baixo desde o último trimestre de 2005.

Há cada vez mais câmaras a aderir à taxa turística aos municípios. Lisboa duplicou o valor da taxa e deverá arrecadar 80 milhões em 2025.

Os portugueses já estão a pedir medidas contra o excesso de turistas, como forma de equilibrar as necessidades dos habitantes locais com a vantagem económica dos turistas.

Esta quinta-feira, foi aprovado um decreto-lei que retira poderes aos condomínios no encerramento de unidades de Alojamento Local, em que as autarquias voltam a ter a decisão final.

O Governo vai lançar um novo concurso de recrutamento de professores para escolas e disciplinas com maior carência. Também vai atribuir um subsídio de até 300 euros para os professores deslocados.

Os Jogos Olímpicos de Paris impulsionaram a atividade empresarial na Zona Euro durante o verão, onde o crescimento da produção atingiu máximos de três meses.

A partir de novembro, os viajantes do Reino Unido e de outros países terceiros vão enfrentar novos controlos nas fronteiras do espaço Schengen com o Sistema de Entrada/Saída.

Mike Lynch, o multimilionário e investidor britânico em tecnologia, está entre os mortos do iate de luxo que afundou ao largo da costa da Sicília. 

Ramzan Kadyrov, o líder da milícia chechena, montou uma metralhadora num Cybertruck da Tesla que diz planear enviar para as forças russas nos campos de batalha na Ucrânia.

A empresa Lucara anunciou a descoberta de um diamante de 2.492 quilates numa mina no Botsuana. O diamante de tamanho excecional é o maior já encontrado no país.

NAUTA DA SEMANA
Antarte

A Antarte, se ainda não conheces, é aquela marca portuguesa de mobiliário que já anda por cá há mais de 25 anos a criar peças que combinam tradição e estilo intemporal. Eles estão presentes em quatro continentes, por isso, é provável que já tenhas te sentado num sofá deles sem saber.

Então, porque é que a Antarte está a dar que falar na sala de estar? Eles acabaram de lançar os primeiros móveis portugueses desenhados por inteligência artificial. Como o fizeram? Utilizaram a IA como uma ferramenta de inspiração; a tecnologia desenhou os móveis, e os criativos da Antarte deram os últimos retoques.

Quanto ao futuro, a Antarte vai continuar a explorar como a IA pode complementar o design tradicional, mantendo a qualidade que conheces. O objetivo? Criar móveis que sejam uma fusão entre o digital e o artesanal, sem perder o estilo icónico. As novas peças já estão à venda nas 13 lojas em Portugal e no site. E durante agosto, aproveita a promoção "Agosto sem IVA" para redecorar a tua casa com desconto!

RECOMENDAÇÃO

Como gerir o stress e prevenir um burnout?

O burnout tornou-se normalizado em muitos locais de trabalho, com as expectativas de stress e exaustão a tornarem-se o padrão. Esta mudança é alimentada por fatores como a cultura de “hustle”, o tratamento injusto por parte das chefias e a crença de que o esgotamento é uma parte necessária do sucesso. A autora deste artigo da Harvard Business Review sublinha a importância de gerires o stress de forma pró-ativa e oferece estratégias para te ajudar a manter o stress em níveis controláveis.

ABC DO DINHEIRO
Doença Neerlandesa