MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

Nesta semana o indicador do medo e da ganância desceu 3 pontos percentuais, ilustrando a estabilidade atual dos mercados embora com uma ligeira tendência para o medo.

Nas Américas, os mercados fecharam esta sexta-feira no vermelho (apesar de uma semana muito positiva) por causa dos novos dados de emprego dos EUA, que revelaram 272 mil novos empregos em vez dos esperados 180 mil… mas esperem lá, mais novos empregos é pior?

Sim! É que os bancos centrais têm apenas uma ferramenta para baixar a inflação: aumentar os juros. Os juros aumentam, o dinheiro fica “mais caro”, as empresas ficam mais forretas e passa a existir menos emprego. Com menos emprego as pessoas têm menos dinheiro e o consumo diminui, diminuindo a inflação.

Portanto, quando a Reserva Federal aumenta os juros para máximos de duas décadas e o emprego continua robusto, os mercados tombam porque isso significa que mais aumentos nos juros são expectáveis.

Já aqui na Europa, o Banco Central Europeu cortou as taxas de juro pela primeira vez em quase cinco anos, algo que antecipámos na edição da semana passada. O corte, de 25 pontos base, é o início de uma nova era na economia europeia. Teremos mais cortes em breve? Ninguém sabe, a gestão das taxas de juro é tão real como “psicológica”. Christine Lagarde tem de manter os investidores de pé atrás, prevenindo assim exuberâncias e movimentos pouco racionais.

E por falar nisso… a GameStop voltou a disparar após o ressurgimento do Roaring Kitty no reddit, onde postou uma posição de 210 milhões de dólares na meme stock. Após o disparo da $GME, a mesma posição valia 586 milhões de dólares e foi prometido um direto no YouTube. Assim que o direto terminou, as ações caíram 40%. Como escrevemos há umas semanas, memes são memes.

Ainda sobre memes, o meme lord Elon Musk desviou chips da Nvidia, que eram para a Tesla. Acabaram na sua nova startup de inteligência artificial, a xAI. A Tesla, que este ano já caiu 29%, abandonando o grupo das 7 magníficas, está com problemas sérios dado os constantes avanços estratégicos da rival chinesa BYD, que agora investe em fábricas no Brasil, por exemplo.

Se nas guerras da inteligência artificial, chips são o armamento essencial, então este desvio só vai prejudicar a Tesla no longo prazo. É só ver o exemplo da Apple, que ficou para trás por ter menos GPUs do que a competição. Quem se ri é a Nvidia, a derradeira produtora de GPUs para a IA, que superou a Apple na quarta-feira para tornar-se a segunda empresa mais valiosa do planeta.

TECNOLOGIA

A nova corrida espacial

Num espaço de um mês, 3 foguetes construídos por empresas privadas irão fazer história. A nova corrida espacial já está em marcha, mas é só o início.

Há 2 meses, escrevemos sobre os problemas que a divisão de aviação comercial da Boeing enfrenta. O dilema fundamental é o trade-off* entre o risco e o retorno, entre a segurança e o lucro. Mas, se as exigências da aviação civil são cada vez mais altas, as da indústria aeroespacial são ainda “piores”.

Que o diga a divisão de Defesa, Espaço e Segurança da própria Boeing, que após sucessivos falhanços no lançamento da cápsula Starliner, já acumula 1,5 mil milhões de dólares de perdas num contrato fixo com a NASA. Felizmente, no dia 5 de junho, a terceira Starliner levantou voo com sucesso pela primeira vez, finalmente transportando astronautas até à Estação Espacial Internacional (como acordado desde 2014).

Se o contrato da Boeing com a NASA tem sido problemático para as duas organizações (pelo menos até agora), os sucessivos contratos da NASA com a SpaceX de Elon Musk são exatamente o oposto. Quando a  NASA anunciou os contratos com ambas em 2014, a Boeing recebeu 4,2 mil milhões e a SpaceX recebeu apenas 2,6 mil milhões. No entanto, a primeira boleia privada de astronautas para Estação Espacial Internacional foi em 2020, pela cápsula Crew Dragon da SpaceX, 4 anos antes da Boeing.

Mas a SpaceX não se ficou por aí – também no dia 6 deste mês, a SpaceX completou com sucesso o quarto teste à mega-nave Starship (antigamente conhecida como BFR, do inglês Big Fucking Rocket). A Starship, que comprovou agora o seu potencial para a reutilização, foi desenhada para um dia aterrar e descolar de Marte, mas a NASA terá ficado satisfeita pois a missão Artemis III, que levará humanos a pisar a Lua outra vez, será realizada via Starship.

Também no nosso continente procura-se fazer história com o foguete Ariane 6, construído pela Arianespace, consórcio da Airbus e Safran, para a Agência Espacial Europeia. O foguete deverá ser lançado pela primeira vez no próximo mês, a partir da Guiana Francesa e transportando o primeiro satélite universitário português, construído no Instituto Superior Técnico.

Mas porque é que precisamos de tantos foguetes diferentes?

Esta competição entre privados, financiados pelas agências espaciais, resulta em preços mais baixos para lançar objetos para o espaço, explicando o aumento exponencial de lançamentos espaciais. Para além de tecnologias como painéis fotovoltaicos e aspiradores portáteis, aprimorados para a exploração espacial, a nova economia do espaço garante-nos o GPS e a internet…

Que o diga a tribo Marubo, na Amazónia, que graças à Starlink, serviço da SpaceX que torna possível o acesso à internet nos sítios mais remotos, ficou viciada em pornografia!

ECONOMIA

E tu, sentes-te otimista?

Então, coisinha sexy, preparad@ para o dia 9 de junho? As eleições para o Parlamento Europeu estão à porta e, como os portugueses demonstraram uma opinião positiva sobre esta instituição (66% segundo o Eurobarómetro), esperemos que a participação nas urnas não seja tímida. Afinal, não custa nada votar!

Enquanto isso, Luís Marques, diretor do MBA da Católica Porto Business School, prevê que os jovens talentos que emigraram voltarão ao país nos próximos dez anos, trazendo inovação e valor. Claro, desde que as nossas empresas invistam na formação e motivação adequadas. Afinal, sem um bom salário, até o melhor líder perde o brilho. Portugal pode reter os melhores gestores, mas é preciso dar-lhes motivos para ficar.

A ACONTECER

Igalité? - A desigualdade de riqueza entre os países da Europa está cada vez maior. Segundo o Relatório sobre a Riqueza Global 2023 do Credit Suisse e da UBS, os países do Norte e do Oeste exibem a maior riqueza mediana, comparativamente aos do Sul e do Leste da Europa. A Suíça e o Luxemburgo apresentam a maior riqueza média por adulto, o que faz com que sejam considerados os países mais ricos da Europa. Já os países da Europa Oriental, possuem a menor riqueza por adulto, destacando-se a Bósnia e Herzegovina e a Turquia com os valores mais baixos.

Um verdadeiro passo em frente - Até ao final de maio, cerca de 90% da energia consumida em Portugal foi de origem  renovável. De acordo com os dados da REN, 87% do consumo de eletricidade nos primeiros cinco meses do ano resultou de energias renováveis. Durante o mesmo período, a produção hidroelétrica abasteceu 43% do consumo, a eólica 30%, a fotovoltaica 8%, a biomassa 6% e o gás natural 9%. Os restantes 4% corresponderam a saldo importador.

A força da maioria - O parlamento chumbou a redução do imposto de IRS proposto pelo governo, que dava um alívio fiscal aos 7.º e 8.º escalões (salários brutos mensais entre cerca de 3200 e 6500 euros). A proposta do PS, que limita a redução de imposto ao 6º escalão foi aprovada na especialidade. O 'mínimo de existência', que é a parcela de rendimento isenta de imposto, vai também subir, para beneficiar ordenados brutos mensais até 1.000 euros.

Show me the money - O unicórnio de ascendente português Sword Health realizou um evento de liquidez privado no qual foram vendidos 91 milhões de euros em ações entre Portugal e os EUA. Os colaboradores portugueses, que optaram por vender parte das suas ações na Sword, receberam aproximadamente 50 milhões de euros como resultado do evento. A empresa anunciou ainda uma nova ronda de financiamento de 27 milhões de euros, aumentando a valorização da empresa para os 2,7 mil milhões de euros. Entre os investidores envolvidos no financiamento estão os portugueses Oxy Capital e Lince Capital.

Rapidinhas

Será possível financiar a 100% na compra da primeira habitação, caso seja um imóvel do banco.

A visita de Taylor Swift gerou um impacto positivo na economia de Lisboa, em particular no setor da hotelaria e atividades turísticas, com um crescimento de 22%. Os pagamentos com cartões estrangeiros aumentaram 34% e 49% em número de compras no fim de semana dos concertos.

250 mil euros vão dar direito a uma nova modalidade de novo visto gold. Este visto, que se enquadra na Autorização de Residência para Investimento Social, visa canalizar o investimento estrangeiro para fins solidários, sem qualquer retorno financeiro para o investidor.

O grupo tecnológico suíço Conextivity inaugurou uma unidade industrial em Amarante, num investimento de 15 milhões de euros, para a produção de montagem de conectores.

Nos EUA, o Spotify irá aumentar em 10% o preço do pacote Premium já no próximo mês. Os pacotes Duo e Familiar também irão sofrer aumentos.

NAUTA DA SEMANA
Helena Braga

Helena Braga, uma investigadora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), desenvolveu baterias autocarregáveis que prometem revolucionar o mercado.

Estas baterias, que usam eletrólito sólido de ferro-elétrico e sódio, um material abundante, geram energia espontaneamente a certas temperaturas, eliminando a necessidade de recarga externa. Embora ainda não estejam disponíveis comercialmente, a investigadora está otimista sobre a sua implementação para breve, permitindo carros elétricos com autonomia de até 1000 km.

Além disso, Helena Braga prevê para um futuro próximo baterias wireless, permitindo carregamentos à distância. A redução dos custos de fabricação e a concorrência no mercado europeu contribuirão para a disseminação destas tecnologias, colocando Portugal na vanguarda da revolução energética global.

RECOMENDAÇÃO

Bora Votar!

Este domingo, Portugal vai eleger os 21 deputados que irão representar o país no Parlamento Europeu nos próximos 5 anos. São poucos deputados para fazer a diferença? Sim, provavelmente.

Então vale mesmo a pena votar?

O Parlamento Europeu é um importante fórum de debate político e de tomada de decisões a nível da UE, que possui três tipos de poder: legislativo, de supervisão e orçamental.

Os 27 países da UE elegem esta semana os 720 Eurodeputados que vão representar os interesses dos cidadãos no que respeita à elaboração de leis que irão influenciar todos os aspetos de vida na UE. Os eurodeputados debatem sobre temas políticos, económicos e sociais como o respeito pelos direitos humanos, a liberdade, a democracia, a igualdade, a segurança alimentar e energética, a luta contra as alterações climáticas e o Estado de direito. 

A forma como o dinheiro dos contribuintes deve ser gasto e distribuído também é decidida pelo Parlamento. Assim, o Parlamento Europeu representa centenas de milhões de cidadãos. A UE podia e devia funcionar de forma melhor. A única maneira de garantires isso, é dares o teu contributo com uma pequena cruz.

Então, pensa nisso: lê bem os programas eleitorais, vota e ajuda a moldar um futuro promissor para todos nós!

ABC DO DINHEIRO
Trade-off Risco-Retorno