MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

Todas as empresas têm um back office* e um front office*. Neste momento, o back office da economia mundial é o Excel (sim, o da Microsoft) e o front office é a performance da Nvidia nos mercados.

Já muito escrevemos sobre a Nvidia e, mais recentemente, descrevemos a cadeia de produção daquela que é a grande vencedora do hype da Inteligência Artificial. Esta semana, porém, foi a semana de resultados da Nvidia e, naturalmente, o mundo dos investidores parou para ver se a produtora de chips aguentou mais um trimestre!

Então vamos lá aos resultados:

• Ganhos por ação: 0,68 dólares vs. 0, 64 esperados;

• Receita: 30,04 mil milhões de dólares vs 28,7 esperados.

Portanto, aquela que é a front office da economia mundial, campeã da IA, ultrapassou as expectativas dos investidores. Consequência, a ação perdeu valor (-6,4%)! Hun!?

Embora a Nvidia seja a favorita dos investidores, e os seus resultados sempre fantásticos nesta era da IA, a queda das suas ações após bater as expectativas tem algumas possíveis explicações para além do caos geral deste ano:

• As principais clientes da Nvidia são as outras Sete Magníficas (Microsoft, Apple, Alphabet, Amazon, Meta e Tesla) e embora estejam a investir fortunas no serviço de data centers da Nvidia (que chega aos 26.3 mil milhões de dólares), ainda não conseguiram grandes retornos com a IA;

• O debate da regulação da IA está a voltar a ter destaque: gigantes americanas estão a adiar lançamentos na Europa por causa da regulação na IA, nos EUA o Estado da Califórnia caminha para aprovar uma nova lei focada na segurança da IA e até o Partido Comunista Chinês está dividido quanto a futuras leis.

Portanto, apesar de, como a nauta antecipou, a Nvidia ter dominado o seu mercado (por agora), as suas clientes estão em apuros. Não só o hype na IA não está a traduzir-se em receitas como futuras leis são ameaças aos hipotéticos retornos futuros. No entanto, uma nova ronda de investimento na OpenAI, incluindo a Apple e a Nvidia, promete abanar o mundo da IA!

Pilares da economia mundial à parte, aqui no nosso cantinho do Atlântico a Euribor vai descer (como a nauta antecipou)! É a maior queda em 15 anos e poderá resultar numa poupança de até 80 euros nas prestações de setembro. As famílias portuguesas agradecem!

FINANÇAS PESSOAIS

Põe a tabela, tira a tabela à hora que o governo quiser

O teu guia para as mudanças no IRS dos próximos meses.

A partir de setembro, a descida significativa dos descontos para o IRS pode obrigar trabalhadores por conta de outrem e pensionistas a liquidar imposto em 2025. 

Caso não deduzam despesas suficientes, trabalhadores e pensionistas com rendimentos mensais entre 1.100 e 2.500 euros poderão ter um reembolso menor ou até pagar IRS.

No próximo ano, um ordenado bruto mensal de:

• 1.100 euros poderá pagar 115 euros de imposto;

• 2.000 euros poderá pagar um valor superior a 178 euros;

• 2.500 euros poderá pagar 247 euros de imposto.

A parcela do rendimento isenta de IRS, a dedução específica, passará de 4.104 euros para 4.350,24 euros. Assim, quanto maior for esta dedução, menores serão os ganhos sobre os quais incidirá a taxa de IRS, logo o imposto baixa.

No caso de ordenados mais altos, as novas tabelas de retenção não serão tão penalizadoras. Por exemplo, um trabalhador com salário de 4.000 euros brutos mensais não terá de pagar imposto e poderá ter direito a um reembolso de 20 euros.

Em setembro e outubro, e de forma extraordinária, os salários brutos até 1.175 euros, estarão livres de retenção na fonte. Esta medida vai permitir compensar o imposto entregue a mais desde janeiro. Nas pensões até aos 1.202 euros para um solteiro, divorciado, viúvo ou casado (dois titulares), não haverá retenção em setembro e outubro.

O suplemento entre 100 e 200 euros que será pago a reformados em outubro e cuja soma de pensões não ultrapasse os 1.527,78 euros por mês, também estará sujeito a retenção na fonte, mas de forma autónoma. Isto é, este subsídio não soma à prestação regular para apuramento da taxa de desconto. Assim, os pensionistas irão também beneficiar de uma descida significativa da retenção que irá incidir sobre este bónus.

A partir de novembro e até ao final do ano, a retenção na fonte volta a aplicar-se a remunerações mensais a partir dos 935 euros e a pensões a partir dos 937 euros mensais para não casados sem filhos.

Os desempregados serão excluídos desta medida. Ou seja, quem não tiver rendimentos de trabalho ou pensões em setembro ou outubro não irá beneficiar da descida suplementar das tabelas de retenção na fonte, mesmo que tenha descontado a mais ao longo do ano. Nestas situações estão trabalhadores que ficaram desempregados ou que passaram de assalariados a recibos verdes. 

Por outro lado, quem mudou de emprego e teve aumentos salariais ou quem estava desempregado e passou a ter um vínculo de trabalho por conta de outrem, vai sair a ganhar, isto porque o Fisco vai aplicar as tabelas de setembro e outubro considerando que aquele contribuinte obteve aquele rendimento mensal desde janeiro.

Segundo o Ministério das Finanças, como as tabelas de retenção são adiantamentos do imposto ao Estado, serão feitos os acertos necessários na altura da liquidação do IRS em 2025. Quem descontou mais, terá um reembolso menor e quem descontou menos poderá ser chamado a pagar a diferença. Além disso, tendo em conta a inflação e a produtividade, os escalões serão atualizados em 2025, o que levará o Governo a aprovar novas tabelas de retenção na fonte.

ECONOMIA

Venezuela - a pior gestão económica de sempre (parte 2 de 2)

A segunda parte do relatório da viagem histórica do nosso estagiário pela economia da Venezuela.

Clica aqui para leres a primeira parte.

Nacionaliza, bebé!
Estamos nos anos 70, e a economia da Venezuela está melhor que nunca! A OPEC decretou um embargo sobre os países que apoiaram Israel na Guerra do Yom Kippur, o que fez disparar o preço do petróleo. Os governos venezuelanos aproveitaram esta nova riqueza para financiar enormes programas de investimento público, para nacionalizar várias indústrias exportadoras. Até o Banco Central da Venezuela foi nacionalizado. O resultado? Um aumento, no curto prazo, da qualidade de vida dos venezuelanos, mas também da despesa pública, do défice, da inflação e da corrupção. 

Alea Jacta est
Mas os problemas da Venezuela estavam só a começar: nos anos 80 o preço do petróleo caiu drasticamente, colapsando consigo a frágil economia venezuelana. Foram anos de resgates financeiros, austeridade e desordem social. Estavam lançados os dados para a subida ao poder de Hugo Chávez.

Uma nova esperança
Chávez foi eleito presidente em 1998, e, aproveitando uma nova subida de preço do petróleo instituiu reformas económicas que foram inicialmente bem sucedidas, ao reduzir a pobreza e a desigualdade, o que o tornou muito popular nas camadas mais pobres da sociedade. O que Chávez não conseguiu, como não tinha conseguido nenhum dos seus antecessores, foi mudar o paradigma da economia venezuela: quando os preços do petróleo estão altos, a economia está pujante, quando os preços estão baixos, os venezuelanos sofrem. 

Pegar nos cacos
Ao longo do reinado de Chávez, a economia venezuelana foi, constantemente, entrando em declínio. As medidas populistas são caras e ineficazes para o crescimento económico, e quando o dinheiro acaba (quando os preços do petróleo estão baixos), a população passa fome. Após a morte de Chávez, Nicolás Maduro pegou nos cacos da economia do país e acrescentou-lhes uma nova camada de repressão, autoritarismo e pobreza. As sanções internacionais foram o golpe final numa economia moribunda. 

Esta é a Venezuela de 2024: um Estado estilhaçado, com uma economia exangue e uma população desesperada. E o futuro, infelizmente, parece tão negro e crude como a maldição líquida que brota dos solos venezuelanos.

Rapidinhas

83% dos especialistas em RH afirmam que os jovens não têm as competências que o mercado de trabalho exige. O sistema de ensino português e os cursos não estão ajustados às necessidades.

O maior prémio do Euromilhões, no valor de 214 milhões de euros, saiu em Portugal, o que fez com que a economia portuguesa ganhasse duas vezes: com o impacto imediato na economia e com os 43 milhões de euros de imposto.

A descida da retenção do IRS das pensões da Segurança Social apenas será refletida no mês de outubro.

O site do IGCP, que permite a subscrição e consulta dos certificados de aforro, foi suspenso por razões de segurança. A app dos CTT verificou um aumento de 27% nas subscrições e 79% no valor.

O fundador do Telegram, Pavel Durov, foi detido na França. Durov está a ser formalmente investigado por “cumplicidade na administração de uma plataforma que permite uma transação ilegal num grupo organizado”.

O Supremo Tribunal do Brasil ameaçou suspender a rede social X no país, caso não seja nomeado um representante legal para cumprir ordens judiciais e pagar multas pendentes.

NAUTA DA SEMANA
Bridge In

Apontando pontes para todos os pontos.

A Bridge In é uma startup portuguesa, fundada em 2020, que ajuda empresas estrangeiras a expandir para novos mercados, como Portugal e Espanha. Com uma abordagem prática, a Bridge In oferece suporte em contratação de talento, adaptação regulatória e gestão de operações, através da sua plataforma Bridget.

Esta plataforma é o Manny Mãozinhas: trata do processamento salarial, recursos humanos, contabilidade e questões legais, simplificando processos complexos e automatizando tarefas burocráticas. Em resumo, é o assistente digital que faz o trabalho pesado enquanto as empresas se concentram em crescer.

Porque está a Bridge In a ganhar destaque?

Rapidamente, a Bridge In destacou-se pela sua capacidade de simplificar processos complexos, criando "pontes" entre empresas e novos mercados. Com 45 clientes em 30 países e uma equipa em crescimento, é uma referência em expansão internacional, oferecendo soluções integradas que vão da legalidade à contabilidade, sem dores de cabeça.

Quais são os planos para o futuro?

A Bridge In pretende estar em 31 países até 2028, começando pela consolidação na Europa. Após Espanha, a Irlanda é o próximo destino, com foco na automação e otimização de processos através da plataforma Bridget.

RECOMENDAÇÃO

Como desenvolver uma estratégia?

Quer sejas Millennial a dar os primeiros passos como líder no mundo corporativo ou Zoomer a terminar o curso, é fundamental ter uma estratégia a longo prazo. Este artigo do HBR é um guia prático de como visualizar e construir uma “espinha” estratégica que suporte as tuas decisões e ações na procura pelos teus objetivos daqui a 5 anos. Eis um resumo:

1. Imaginar fontes de receita - de onde virão os rendimentos?

2. Hipóteses chave - como será o mundo daqui a 5 anos, como será a tua equipa/empresa/carreira?

3. Métricas chave - quais são os teus objetivos e como serão medidos daqui a 5 anos?

4. Implicações - sabendo as tuas fontes de receita, as hipóteses chave e as métricas… como irás atingir os objetivos?

5. Investimentos necessários - agora que consegues visualizar o que é preciso para atingir os objetivos, que investimentos de tempo, de recursos ou financeiros, é que precisas?

6. Requerimentos adicionais - a parte anterior dizia respeito aos essenciais, mas precisas de ter em conta também os “extras” como a manutenção de infraestruturas críticas à tua estratégia…

O artigo é ilustrado com um exemplo da Unilever, nós na nauta vamos trabalhar no nosso!

ABC DO DINHEIRO
Front Office & Back Office