MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

A notícia mais importante da semana: na próxima terça-feira serão as eleições americanas, o culminar do ano em que mais de metade da população mundial foi a eleições.

Como tudo o resto nos Estados Unidos da América, as eleições foram recentemente transformadas num mercado especulativo no site Polymarket, sendo que as probabilidade de vitória de Trump está nos 58.1% atualmente. No entanto, este “mercado” poderá estar a ser manipulado!  Não obstante, a Robinhood também entrou neste negócios das eleições.

Mais importante do que prever os resultados, é importante prever as consequências e a Reuters lançou um artigo onde os seus analistas indicam que empresas/ações irão beneficiar no caso de vitória de Kamala Harris ou Donald Trump.

Olho no fogão: a EY, consultora pertencente ao informal grupo das Big 4 (gigantes da contabilidade), abandonou um dos seus clientes – Super Micro, a empresa criadora de servers de alta performance. Como consegues prever, coisinha sexy, quando o teu contabilista foge de ti as tuas contas não estão lá muito promissoras... e consequentemente a Supermicro caiu 45% esta semana. Ouch!

Ouro negro: em tempos de caos o ouro é rei e daí os repetidos recordes nesse ativo dourado… mas em tempos de guerra no Médio Oriente as empresas cujas operações são independentes do petróleo dessa zona do globo não ficam nada atrás – que o diga a Galp – a petrolífera portuguesa aumentou os lucros em 24% até setembro. A refinaria já subiu 16.95% este ano, apesar dos produtos petrolíferos estarem negativos!

EMPRESAS

All In: Elon Musk aposta tudo em Donald Trump

Um All In no Poker é o expoente máximo de risco, um tudo ou nada. Nas eleições americanas da próxima terça-feira, Elon Musk apostará todas as suas fichas em Donald Trump.

Já muito foi escrito sobre Elon Musk. Desde biografias não autorizadas e autorizadas até a nossa edição sobre o Henry Ford da indústria aeroespacial. Independentemente de quem escreve, uma coisa é constante: Elon Musk tem um extraordinário apetite pelo risco.

Como escrevemos anteriormente, o apoio de Elon Musk a Donald Trump, vinculado depois da tentativa de assassinato, deve-se em parte à necessidade que as suas empresas têm, em especial a Tesla e a SpaceX, de preciosos cortes nos impostos e mais dinheiro público.

Apesar dos espetaculares (e surpreendentes) resultados trimestrais da Tesla, a guerra dos Veículos Elétricos continua marcada pelo grande avanço da BYD no último ano. Aliás, as vendas da BYD ultrapassaram as vendas da Tesla pela primeira vez!

O desprezo por carros elétricos mais baratos acabou por custar à Tesla uma grande fatia do seu próprio mercado. Para além de cortes nos impostos e fundos governamentais, uma opção são as míticas tarifas* de Donald Trump. A própria União Europeia aplicou a mesma estratégia, com uma tarifa de 17% aos veículos da BYD. Se não os podes vencer, aplica uma tarifa?

Para além dos carros elétricos, Trump será uma grande impulsionador da indústria aeroespacial e tem também o apoio do 2.º homem a pisar a Lua: Buzz Aldrin. É fácil imaginar após a “invenção” da Space Force e o recente carinho que Trump nutre por Elon Musk, a SpaceX, a segunda startup mais valiosa do mundo, a receber mais contratos públicos!

Mas - como no Poker – cada All In traz um risco de perda total… e Elon Musk, o novo supervilão dos democratas, será sem dúvida prejudicado caso Kamala Harris se torne a primeira mulher Presidente dos EUA. O Partido Democrata foi, nas últimas duas décadas, um dos grandes financiadores dos negócios de Elon Musk e esta “traição” implica a cisão desta relação.

E agora, dada a relação de Elon Musk com Vladimir Putin, os Democratas têm a motivação e a “moral” para tentar separar o homem mais rico do mundo dos seus preciosos negócios essenciais para a soberania nacional. O apoio de Musk a Trump é por isso um tudo ou nada!

Fica então justificada a transformação do X, antigo Twitter, num recreio dos Republicanos, o sorteio diário (talvez inconstitucional) de 1 milhão de dólares aos apoiantes de Trump e o uso de toda a fama de Musk pela causa dos Republicanos.

Os dados estão lançados.

BARÓMETRO DO SUCESSO

Reddit

Quem diria que um site que começou como um buraco de coelho para memes e debates poderia se tornar numa potência do mercado financeiro?

Em 2005, o Reddit foi lançado por Steve Huffman, Alexis Ohanian e Aaron Swartz, e em março de 2024, finalmente  saiu do vermelho ao abrir capital na bolsa em 2024, e as suas ações dispararam. Conseguiu alcançar 97 milhões de utilizadores diários — um crescimento impressionante de 47% em apenas um ano. Desde então, o valor das ações disparou, como um gato num vídeo viral, valendo hoje três vezes mais que o valor de estreia.

Como é que o Reddit fez lucro através do caos organizado?

O crescimento foi tão explosivo quanto os posts no R/Unexpected. Acredites ou não, o Reddit foi o sexto termo mais pesquisado no Google em 2024. Os utilizadores não estão apenas a trocar memes; eles procuram conselhos sobre tudo, desde como lidar com sogras até as melhores receitas de molho francesinha ou se os membros da nauta pertencem ao preço certo.

Em poucos meses, o Reddit anunciou um lucro de 29,9 milhões de dólares, motivado pela nova ferramenta de tradução automática, que atraiu utilizadores de mercados globais, como Índia e Filipinas​.

Além de publicidade, o Reddit ganha dinheiro licenciando os dados dos seus posts e comentários para treinar IA, em parceria com empresas como Google e OpenAI. Este licenciamento coloca o Reddit numa posição estratégica como fonte de dados para a inteligência artificial. Mas nem tudo são rosas: alguns usuários questionam a privacidade e o uso ético de seu conteúdo. Afinal, vale a pena partilhar abertamente opiniões e conselhos, sabendo que esses dados podem ser usados para outros fins? Há um  subreddit sobre isso..

A ACONTECER
Divisão do "bolo" do OE2025

Sabes para onde vai o teu dinheiro?

Por cada 100€ de despesa orçamental, as maiores fatias vão para as Finanças (23€), Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (23€) e Saúde (14€). Os programas orçamentais Cultura, Representação Externa e Juventude e Modernização representam, cada um, menos de 1€.

Rapidinhas

Segundo o Conselho das Finanças Públicas, Portugal é o país da UE que precisa fazer o menor ajustamento orçamental (0,3% do PIB) para cumprir as regras europeias.

Esta terça-feira, a empresa mais antiga do mercado de capitais português, a Inapa, foi excluída da bolsa, deixando os investidores com ações que valem (quase) zero.

O Orçamento do Estado foi esta quinta-feira (31) aprovado, na generalidade.

Na quarta-feira, a Câmara de Lisboa aprovou, por unanimidade, o fim da concessão de novas licenças para Alojamento Local.

O Presidente da República decidiu promulgar a lei que institui um IRC mínimo de 15% para multinacionais, e que foi consensual no Parlamento.

A Digi vai lançar o seu serviço em Portugal a 4 de novembro. Os detalhes sobre a oferta serão anunciados em conferência de imprensa no mesmo dia.

Cristiano Ronaldo investiu na inglesa Bioniq, empresa especializada em suplementação personalizada e otimização da saúde, elevando a sua avaliação total para 75,7 milhões de euros.

Sete escolas estão a testar um modelo de ensino secundário, que vai durar três anos. É uma preparação específica para o dia a dia e ensina, por exemplo, a gerir o dinheiro. Entre as novidades estão as disciplinas obrigatórias de Literacias e dados e Projeto pessoal. 

Nos primeiros seis meses do ano, a fatura do gás natural em Portugal foi mais cara do que a média da UE. Em Espanha foi 31% mais barata do que em Portugal.

O Orçamento do Reino Unido foi apresentado esta semana. O executivo britânico anunciou um aumento de impostos na ordem de 40 mil milhões de libras.

A Volkswagen pretende encerrar três fábricas, despedir milhares de trabalhadores e reduzir em 10% os salários dos restantes.

Um tribunal russo aplicou uma coima de 20 decilhões (!) de dólares à Google, por bloquear os conteúdos das estações de comunicação social russas. Contudo, as multas podem ser ainda maiores.

NAUTA DA SEMANA
Infraspeak

A Infraspeak está definitivamente com as engrenagens ajustadas para uma expansão impressionante: com um investimento de 18 milhões de euros liderado pela Endeit Capital, a startup portuguesa de gestão de “facilities” planeia dominar novos territórios em mercados europeus, como Alemanha, Suíça, Dinamarca e Suécia, enquanto reforça suas operações na França.

O que faz a Infraspeak?

A empresa, que já gere mais de 240 mil edifícios em 32 países, desenvolveu uma plataforma inteligente que conecta todos os elos da operação de manutenção, desde gestores a equipas de support. Através da automação e análise de dados, a empresa garante que cada edifício funcione “como um relógio”, minimizando falhas e melhorando a eficiência. Com recursos que vão de gestão de ativos a relatórios de conformidade, a Infraspeak visa otimizar a manutenção e reduzir custos operacionais, promovendo um futuro onde os edifícios operam de forma fluida e sustentável.

Para o futuro, a Infraspeak não para de subir andares: planeja contratar 100 novos colaboradores em 2025, incluindo cerca de 70 em Portugal, e abrir um novo “headquarters” em Copenhague. A startup está pronta para escalar ainda mais e provar que não há teto para seu crescimento na Europa e além.

RECOMENDAÇÃO

Como desenvolver uma visão estratégica

Receber feedback de que não és estratégico o suficiente pode ser tão desmotivante como não conseguir engomar uma camisa sem deixar vincos! 

No entanto, muitas vezes o problema não está na falta de estratégia, mas sim na visualização dela. Luis Velasquez sugere utilizar uma narrativa e visualização adequada aos teus peers para deixares os stakeholders a ver e entender o que fazes, como  fazes e porque o fazes. 

Peter Drucker dizia que “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”, portanto, mesmo sob pressão, não deixes o caos ofuscar a tua visão estratégica. Para aprenderes como fazê-lo, espreita este artigo, e pode ser que lá encontres a peça que falta para concluíres o teu puzzle estratégico.

ABC DO DINHEIRO
Tarifa Alfandegária