MERCADOS FINANCEIROS

Praça do Comércio

Nesta semana o índice do medo e da ganância (acima) tendeu para a ganância. É surpresa, pois o caos também aumentou, resultado de vários aumentos de tensão geopolítica que estão a começar a abanar os mercados internacionais:

• Encontro entre Vladimir Putin e Kim Jong-un, em Pyiongyang, reforçando o comércio de armas entre a Rússia e a Coreia do Norte;

• Debate entre Joe Biden e Donald Trump, que correu tão mal ao presidente incumbente que o seu próprio partido está a contemplar uma substituição (algo tardia, ao estilo de Martínez);

• Eleições tudo ou nada em França - começam este domingo (com uma segunda mão no próximo) - que, como descrevemos numa edição prévia, estão a afetar a bolsa de Paris (colapsou 5,74% no último mês) e os mercados europeus de dívidas.

E já que estamos a discutir o que se passa em França, a vantagem do partido de Marine Le Pen, líder da extrema direita francesa com ligações à Rússia, está a assustar a União Europeia e a NATO.

Não é para menos, as influências russas não são brincadeira… Mesmo que sejam “brincadeira” - o presidente da Reserva Federal dos EUA foi alvo de uma “partida” por parte de dois russos (comediantes ligados ao Kremlin) que fingiram, numa chamada telefónica, ser o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelenskyy.

No meio desta loucura, é algo tranquilizante ver os desempenhos dos mercados (acima) e ver alguma fonte de estabilidade…

Depois da montanha-russa na semana passada, a Nvidia aguentou-se bem e estabilizou, nesta semana em que as tenções geopolíticas voltaram a aumentar, garantindo que continua a ser a grande estrela dos últimos 18 meses (as ações subiram 149,47% nos últimos 6 meses) após a revolução iniciada pela estreia do ChatGPT.

Durante o furacão, parece que dominar e vender a infraestrutura onde são criadas as Inteligências Artificiais é a derradeira estratégia…

É como diz o ditado: se estão todos à procura do ouro, vende as pás!

BARÓMETRO DO SUCESSO

Quem paga o EURO2024?

Ah, o EURO2024, a competição de mais alto nível no que toca ao desporto rei na Europa!

A competição onde 11 jogadores vivem e morrem por uma nação, onde se dão a conhecer ao mundo os grandes talentos da próxima geração e onde se criam as lendas que a inspirarão!

A competição onde toleramos os Conceição… seja o pai a fazer um hat-trick contra a Alemanha no EURO2000, ou o filho a salvar-nos da Chéquia.

Mas então, se o EURO é o tudo por tudo, afinal o que está em jogo? Qual é o prémio e quem é que o ganha, na realidade?

Vamos lá!

Primeiro o prémio:

O EURO2024, organizado pela União das Associações Europeias de Futebol (UEFA), irá oferecer um total de 331 milhões de euros em prémios divididos da seguinte forma:

• Prémio de participação – 222 milhões de euros, 9,25 milhões para cada federação (participam 24, nesta fase final);

• Desempenho na competição – 109 milhões de euros, oferecidos a cada federação dependendo dos seus resultados na fase de grupos e eliminatórias. O país vencedor poderá arrecadar um total 28,5 milhões de euros, no total.

Mas os prémios não são só para as nações participantes. A UEFA irá distribuir até 240 milhões de euros aos clubes de futebol cujos jogadores participam na competição, dependendo do número de dias de participação.

E então, quem paga isto tudo?

A resposta é simples: o espetáculo!

Seja o Ricardo a defender sem luvas o último penalty dos ingleses e a marcar ele próprio o penalty seguinte, acabando com a participação dos bifes no EURO2004, ou o miúdo Cristiano Ronaldo a chorar após a derrota histórica contra a Grécia na final desse mesmo torneio, é inegável que o espetáculo é épico. Que o diga o Éder, que os…

Bem, não importa. O que importa é que o espetáculo atrai olhos (muitos) e isso atrai dinheiro (muito). Resumidamente:

1. Direitos de media – os direitos de diretos de televisão e streaming renderam 1,135 mil milhões durante o EURO2020. Este ano essa receita será superior;

2. Patrocínios globais – Booking, BYD, Coca-Cola, Adidas, LIDL… Se tens visto mais regularmente publicidades destas empresas é porque tens visto o EURO, e acredita que o acesso ao teu campo de visão não foi barato;

3. Bilheteiras, hospitalidade e licenças – foram vendidos cerca de 2,5 milhões de bilhetes para os jogos, que necessariamente implicam também receitas de hospitalidade. Para além dos jogos, o merchandising que podes comprar é, se for oficial, licenciado pela UEFA, gerando receitas.

Depois de abatidos os custos da realização do torneio, a UEFA distribui então as receitas restantes (cerca de dois terços) para o seu programa HatTrick, beneficiando todas as 55 federações da UEFA. Este programa, uma das maiores iniciativas de solidariedade na história do desporto, já resultou num investimento total de 2,6 mil milhões de euros desde o EURO2004, quando surgiu. O próximo ciclo do programa, após o EURO2024, irá acrescentar uns previstos 935 milhões à conta, nada mal!

Portanto, não te sintas mal por ver a bola, coisinha sexy! Esta festa do futebol alimenta a sustentabilidade do desporto rei na Europa, garantido que continuamos a ter epopeias tugas nas próximas décadas! 🇵🇹 🇵🇹 🇵🇹

A ACONTECER
Quem te viu e quem te vê, RTP?

Já alguma vez pensaste como a RTP consegue financiar todos aqueles programas que te fazem companhia e até mesmo alimentar o nosso amado Fernando Mendes? Spoiler: não é com magia, mas com uma taxa escondida na tua fatura de eletricidade!

Em Portugal, a RTP é financiada pela Contribuição Audiovisual (CAV), que representa 80% do seu financiamento, enquanto a publicidade cobre os restantes 20%.

A última atualização à CAV foi em 2016 estando tabelada em 3,02 euros por mês (36,24 euros anuais).

O governo português, através do ministro Pedro Duarte, quer rever o contrato de concessão da RTP, que não é ajustado desde 2015. Nicolau Santos, o presidente da RTP, alertou que os valores atuais da CAV são insuficientes para manter os oito canais de televisão e sete de rádio. Noutros países, os modelos variam:

• Em Espanha, a RTVE (Radiotelevisión Española) é financiada por subsídios públicos e taxas sobre operadoras de TV paga.

• No Reino Unido, a BBC é financiada através de uma licença anual obrigatória cobrada de 169£ aos cidadãos.

• Em França, à France Télévisions é alocada uma parte da receita do IVA.

• Em Itália, a RAI Itália é semelhante a Portugal mas mais cara ( 70€ anuais na fatura de eletricidade e publicidade).

• Na Alemanha, as emissoras públicas são financiadas por uma taxa de transmissão e publicidade, tendo gerado, em 2016, uma receita de 168 milhões de euros.

Europa, eu prometo mudar! 🇪🇺

Para receber mais dinheiro europeu, Portugal tem de fazer reformas.

O PM Luís Montenegro anunciou uma reforma da Administração Pública que, segundo o Governo, vai gerar uma poupança anual de 23 milhões de euros. Este é um dos requisitos para o Executivo poder solicitar o pagamento do 5.º cheque do PRR, no montante de 2,775 milhões de euros.

O Governo pretende reduzir o número de cargos diretivos, poupando não só em salários mas também em despesas associadas a este tipo de cargos. Além disso, o executivo estima poupar vários milhões em rendas com imóveis que serão desocupados.

No âmbito desta reforma, as secretarias-gerais de oito ministérios serão fundidas numa grande secretaria-geral do Governo que irá concentrar as pastas do Ambiente, Economia, Educação, Finanças, Justiça, Saúde, Trabalho e Presidência do Conselho de Ministros.

Boas notícias para alguns investidores!

Existem novos incentivos ao investimento no mercado de capitais.

O Parlamento aprovou novos incentivos fiscais para o mercado de capitais, que entram em vigor a 29 de junho. Entre os incentivos destacamos:

• Isenção de tributação de parte das mais-valias de longo prazo (em alguns casos) - a isenção pode chegar a abranger 30% dos ganhos. 

• Benefícios fiscais para investimentos em Organismos de Investimento Coletivo (OIC) focados em habitação acessível, com exclusão de tributação em IRS e IRC para rendimentos desses investimentos. 

• As Pequenas e médias empresas (PME)* que entrarem no mercado regulado poderão deduzir o dobro dos custos de admissão em bolsa em sede de IRC. 

• Introdução de  um regime fiscal para o Produto Individual de Reforma Pan-Europeu (PEPP), com regras semelhantes aos PPRs atuais. 

Rapidinhas

A taxa de poupança das famílias portuguesas subiu para 8%, devido ao aumento de 2,6% do rendimento disponível bruto.

A isenção do IMT e Imposto do Selo (IS) na compra da primeira casa para “jovens” até aos 35 anos entrará em vigor já em agosto.

O desequilíbrio de género nos salários baixou em Portugal. Ainda assim, as mulheres ganham em média menos 11,5% que os homens.

Taxas Euribor voltaram a baixar em junho.

António Costa, ex primeiro-ministro de Portugal foi nomeado Presidente do Conselho Europeu.

A Bulgária não pode aderir à zona euro devido à sua elevada inflação, afirmou o Banco Central Europeu.

O carro que Vladimir Putin ofereceu ao ditador norte-coreano Kim Jong-un foi feito usando peças importadas da Coreia do Sul.

NAUTA DA SEMANA
Miio

Há  três nautas atrás conheceste a Helena Braga e o seu projeto sobre baterias autocarregáveis. Agora está na altura de juntares o útil ao agradável, e conheceres o que poderá ser a forma mais eficiente de simplificar o carregamento dos veículos elétricos! A Miio, uma startup portuguesa dedicada à mobilidade elétrica, foi adquirida pela Repsol em fevereiro de 2024, e desde então que ainda não parou de ronronar.

A Miio foi fundada em 2019, desenvolveu uma aplicação para carregamentos de veículos elétricos, que já conta com mais de 270 mil utilizadores e 125 mil postos de carregamento em Portugal, Espanha e França, representando cerca de 70% do mercado português dos utilizadores de veículos elétricos e híbridos plug-in.

Para o verão de 2024, a Miio lançou a campanha Borderless, para testar a aplicação em quatro novos países: Alemanha, Itália, Bélgica e Países Baixos, abrangendo mais de 247 mil postos de carregamento, para possivelmente torná-los permanentes em outubro. E quem sabe, ainda usas a app para ir de Portugal à Alemanha ver o EURO... Ou talvez dar boleia à seleção!

RECOMENDAÇÃO

Não fazer amigos…

Não, a sério, a recomendação desta semana é não fazer amizades no trabalho. Podes ler mais neste artigo da Business Insider, mas a ideia geral que é o trabalho remoto está a criar uma nova geração de trabalhadores com poucas amizades nas vidas profissionais. Isso é uma coisa boa.

É que o trabalho remoto é bom para a vida pessoal dos trabalhadores. Se a tua vida pessoal é melhor, porque é que ter menos amizades na empresa seria um problema?

Como tudo, há espaço para moderação, pois afinal somos todos diferentes. Mas é importante ter em conta que amizades no trabalho não são propriamente idênticas a amizades “no mundo real”… E as consequências podem ser muito maiores para a tua vida profissional do que para a vida pessoal.

ABC DO DINHEIRO
PME